FERREIRO
A arte da forja é, na maior parte das vezes, legada de pais para filhos. Contudo, muito mais do que uma herança familiar é também uma herança social. Tida outrora como uma arte indispensável e de grande prestígio sem a qual o ciclo agrícola não se completaria.
O ferreiro teve assim, desde sempre uma função importante na sociedade rural. Como era uma pessoa socialmente conhecida, a sua figura impunha-se pois o seu trabalho implicava força, controlo do fogo e audácia. Ganhou saber e prestígio, dignificou a sua profissão. O seu carácter universal, segundo o mito que se criou à sua volta, era o de um homem forte, heróico, generoso e popular.
Na indumentária do ferreiro sobressai o avental de carneira de peitilho, com presilhas e preso à cintura com correia e fivela. Este avental tinha por função proteger o seu corpo do calor da forja e de eventuais queimaduras.(1)
A Freguesia do Ramalhal foi lugar de ferreiros desde tempos remotos, tanto é que onde existe hoje o cemitério de Vila Facaia existiu uma povoação denominada "Ferrarias do Alcabrichel" e onde recentemente se pode encontrar restos de escórias de ferro.
Em tempos mais recentes o Ameal foi terra de ferreiros, aí existiu uma família muito ligada à arte de amanhar o ferro. Existe ainda um ferreiro no Ameal, o último dessa mesma família e, por seu turno, o último da Freguesia e, não se vislumbrando ninguém que queira aprender a arte isto significa que uma profissão bastante antiga vai desaparecer daqui a poucos anos. (2)
A tenda do ferreiro era composta, essencialmente, pelos seguintes elementos
FOLE: Peça importantíssima ligada à forja, indispensável na oficina do Ferreiro. Feita de madeira e cabedal com uma biqueira de ferro que entra no algaravio. A parte dianteira fica encostada a uma das paredes da forja, «forno» e, através do algaravio, entra por um buraco que comunica com o lugar onde arde o carvão de pedra. A parte de trás fica segura em dois paus fixos no chão onde é enfiado um ferro do fole com uma travessa em cruz. Na extremidade dianteira duma das travessas existe uma corrente de ferro que termina numa argola que é agarrada com uma mão pela pessoa que toca o fole. Na outra extremidade fica outra corrente e, quando uma sobe, desce a outra, dando-se assim o movimento ao fole. Na parte inferior deste existe uma válvula de madeira fixa com cabedal por onde entra o ar que, graças aos movimentos do fole, vai sair pelo algaravio para ir soprar o lume.
BIGORNA: utensílio de ferro com duas pontas em bico e com um espigão que entra num buraco existente num banco de madeira e que é utilizada para o ferreiro malhar o ferro.
CAVALETE: utensílio idêntico à bigorna mas que, em vez de espigão, tem uma base de ferro que encaixa num espigão existente a meio da superfície do banco.SÁFARA OU SAFRA: o mesmo que o cavalete.
BANCADA: espécie de mesa comprida, colocada junto de uma parede da oficina onde estão fixos os tornos e berbequins e onde se encontram as limas, as brocas de aço e outros objectos necessários ao ofício do ferreiro.TORNO: instrumento destinado a segurar o ferro ou objectos para serem limados. A balança de vara tinha de ser limada, por isso a respectiva caixa era presa no torno para ficar segura e se poder proceder a esse trabalho.
TORNO DE BANCADA: Ferramenta destinada a segurar os objectos que se desejavam trabalhar, por exemplo: limar qualquer objecto, fazer as cabeças dos parafusos, dobrar ferro, etc
.BERBEQUIM MANUAL: instrumento destinado a furar ferro onde eram encaixadas as brocas de aço de diversas espessuras.PiLÃO: pequeno depósito de água onde o mestre fazia a têmpera e arrefecia as tenazes.
BANCO: utensílio de madeira destinado a picar as foices, com o comprimento aproximado de 1m e 30cm de largura, onde o ferreiro se sentava colocando uma perna de cada lado e apoiando os pés nos estribos ligados a um sistema de tiras de cabedal que prendiam as foices numa armação de madeira e ferro situada numa das extremidades do banco.
«Picar» as foices era dar-lhes o corte (tipo serra) para cujo trabalho o mestre usava um cinzel e um martelo apropriado.
REBOLOS: cilindros de pedra com uma altura aproximada de 15cm cujas bases tinham uns 70cm de diâmetro. Eram colocados na posição vertical com a parte inferior em contacto com a água existente num recipiente.
Eram atravessados por um eixo de ferro ligado a um sistema de pedais que o mestre movimentava com um pé, imprimindo-lhes um movimento circular e assim amolar as foices. Havia um rebolo especial (de esmeril) destinado a dar o corte a objectos de metal mais sensíveis: facas, tesouras, etc.(1)
O ferreiro teve assim, desde sempre uma função importante na sociedade rural. Como era uma pessoa socialmente conhecida, a sua figura impunha-se pois o seu trabalho implicava força, controlo do fogo e audácia. Ganhou saber e prestígio, dignificou a sua profissão. O seu carácter universal, segundo o mito que se criou à sua volta, era o de um homem forte, heróico, generoso e popular.
Na indumentária do ferreiro sobressai o avental de carneira de peitilho, com presilhas e preso à cintura com correia e fivela. Este avental tinha por função proteger o seu corpo do calor da forja e de eventuais queimaduras.(1)
A Freguesia do Ramalhal foi lugar de ferreiros desde tempos remotos, tanto é que onde existe hoje o cemitério de Vila Facaia existiu uma povoação denominada "Ferrarias do Alcabrichel" e onde recentemente se pode encontrar restos de escórias de ferro.
Em tempos mais recentes o Ameal foi terra de ferreiros, aí existiu uma família muito ligada à arte de amanhar o ferro. Existe ainda um ferreiro no Ameal, o último dessa mesma família e, por seu turno, o último da Freguesia e, não se vislumbrando ninguém que queira aprender a arte isto significa que uma profissão bastante antiga vai desaparecer daqui a poucos anos. (2)
A tenda do ferreiro era composta, essencialmente, pelos seguintes elementos
FOLE: Peça importantíssima ligada à forja, indispensável na oficina do Ferreiro. Feita de madeira e cabedal com uma biqueira de ferro que entra no algaravio. A parte dianteira fica encostada a uma das paredes da forja, «forno» e, através do algaravio, entra por um buraco que comunica com o lugar onde arde o carvão de pedra. A parte de trás fica segura em dois paus fixos no chão onde é enfiado um ferro do fole com uma travessa em cruz. Na extremidade dianteira duma das travessas existe uma corrente de ferro que termina numa argola que é agarrada com uma mão pela pessoa que toca o fole. Na outra extremidade fica outra corrente e, quando uma sobe, desce a outra, dando-se assim o movimento ao fole. Na parte inferior deste existe uma válvula de madeira fixa com cabedal por onde entra o ar que, graças aos movimentos do fole, vai sair pelo algaravio para ir soprar o lume.
BIGORNA: utensílio de ferro com duas pontas em bico e com um espigão que entra num buraco existente num banco de madeira e que é utilizada para o ferreiro malhar o ferro.
CAVALETE: utensílio idêntico à bigorna mas que, em vez de espigão, tem uma base de ferro que encaixa num espigão existente a meio da superfície do banco.SÁFARA OU SAFRA: o mesmo que o cavalete.
BANCADA: espécie de mesa comprida, colocada junto de uma parede da oficina onde estão fixos os tornos e berbequins e onde se encontram as limas, as brocas de aço e outros objectos necessários ao ofício do ferreiro.TORNO: instrumento destinado a segurar o ferro ou objectos para serem limados. A balança de vara tinha de ser limada, por isso a respectiva caixa era presa no torno para ficar segura e se poder proceder a esse trabalho.
TORNO DE BANCADA: Ferramenta destinada a segurar os objectos que se desejavam trabalhar, por exemplo: limar qualquer objecto, fazer as cabeças dos parafusos, dobrar ferro, etc
.BERBEQUIM MANUAL: instrumento destinado a furar ferro onde eram encaixadas as brocas de aço de diversas espessuras.PiLÃO: pequeno depósito de água onde o mestre fazia a têmpera e arrefecia as tenazes.
BANCO: utensílio de madeira destinado a picar as foices, com o comprimento aproximado de 1m e 30cm de largura, onde o ferreiro se sentava colocando uma perna de cada lado e apoiando os pés nos estribos ligados a um sistema de tiras de cabedal que prendiam as foices numa armação de madeira e ferro situada numa das extremidades do banco.
«Picar» as foices era dar-lhes o corte (tipo serra) para cujo trabalho o mestre usava um cinzel e um martelo apropriado.
REBOLOS: cilindros de pedra com uma altura aproximada de 15cm cujas bases tinham uns 70cm de diâmetro. Eram colocados na posição vertical com a parte inferior em contacto com a água existente num recipiente.
Eram atravessados por um eixo de ferro ligado a um sistema de pedais que o mestre movimentava com um pé, imprimindo-lhes um movimento circular e assim amolar as foices. Havia um rebolo especial (de esmeril) destinado a dar o corte a objectos de metal mais sensíveis: facas, tesouras, etc.(1)
(1) Associação Alcançe - O ferrador e arte de ferrar
(2) Gomes, Joaquim - A Freguesia do Ramalhal no Tempo
(2) Gomes, Joaquim - A Freguesia do Ramalhal no Tempo