ASPECTO HABITACIONAL:
Casa de 1929
As casas de habitação da freguesia têm mudado ao longo dos tempos, tanto em termos da sua fisionomia como nos materiais da sua construção, principalmente nos últimos cinquenta anos.
Durante longos anos as casa foram construídas basicamente em alvenaria, com pedras que eram encontradas nos pinhais e que eram retiradas dos arroteamentos, pois a freguesia é muito podre em pedras, não existindo nela registo de nenhuma pedreira.
Com a evolução dos tempos e com as necessidades a aumentarem a pedra foi escasseando e foi-se começando a utilizar o adobe, aliás, já era fabricado no antigo Egipto no tempo dos faraós, da mesma forma que foi fabricado na nossa freguesia durante séculos.
O adobe foi certamente o alicerce da actual industria cerâmica. Este era constituído por blocos de terra amassada, por vezes com palha que depois de bem seco ao sol, ficava duro e resistente. Ainda hoje existem habitações construídas de adobe com algumas pedras á mistura. As paredes exteriores das habitações eram largas, entre 50 a 80 centímetros; as paredes interiores eram estreitas, entre 20 a 30 centímetros. As casas eram no geral de um só piso, baixas, com telhados de telhas de canudo, sendo caiadas de branco, com barras e cantos em azul, amarelo ou frená. Estas cores eram fabricadas com ocas que se misturavam na cal.
As divisões das casas eram poucas e pequenas relativamente ao que hoje estamos habituados a ver. Compunham-se basicamente de uma cozinha com um pial que servia para confeccionar os alimentos e também de mesa para a ceia, visto que as outras refeições diárias eram tomadas fora de casa, uma fornalha onde se cozinhavam os alimentos e ao lado da fornalha a boca do forno para a confecção do pão. O resto da estrutura do forno ficava fora da cozinha, logo ao sair da porta, com um pequeno telhado a cobri-lo. O povo chamava à abóbada do forno o "Cu do forno". O piso da cozinha era em terra batida coberto com feno verde ou em mosaico cerâmico. Havia depois uma sala de entrada ou de estar que se situava entre a cozinha e o quarto ou quartos. O piso ou o soalho era construído em tábuas largas de madeira de pinho, as paredes caiadas de branco e o soalho encerado com cera de abelhas. Os tectos eram forrados com tábuas de forro, também em madeira de pinho. Os que tinham menos recursos económicos não forravam as casas. Estas denominavam-se casa de telha vã, o que quer dizer que se viam as telhas da parte de dentro da casa. As casas, normalmente e salvo raras excepções, tinham só uma porta e uma ou duas janelas. Nas habitações dos mais abastados, compostas por dois pisos e construídas basicamente de alvenaria, as janelas eram em maior numero, uma por divisão, e apresentavam cantarias em pedra (calcária) trabalhada. Geralmente o rés do chão era composto por uma cozinha, sala de estar, casa de banho, casa de arrumo ou dispensa e uma sala de costura. No piso de cima ficavam os quartos, sala, corredor, escritório ou biblioteca. Por vezes existia também um alpendre, portas sacadas ou varandas. Os gradeamentos eram feitos de ferro forjado com bonitos trabalhados. Os telhados eram compostos por telhas de barro, tipo canudo ou tipo marselhesa e, mais recentemente, em telhas lusa.
As construções mais recentes já eram e são construídas com tijolos de barro fabricados aqui mesmo na Freguesia.
Antigamente as casas eram construídas dentro de quintais espaçosos, vedados ou não com sebes de caniços ou muros de alvenaria ou adobe e, contíguas às habitações, ficavam as adegas e as abegoarias e por vezes também um telheiro que servia para o arrumo de lenhas e/ou alfaias agrícolas. As abegoarias correspondiam às instalações dos gados: bois, burros, machos ou cavalos. não podemos dissociar os animais da vida quotidiana das pessoas. Nas adegas e celeiros guardavam-se os vinhos e cereais. Durante séculos a agricultura e a criação de gado foram o modo de vida da grande maioria das gentes desta freguesia.
Ao lado do forno do pão existia um pequeno compartimento que se designava por corte ou cortelha, onde se criavam um ou dois porcos, um pouco de abóboras, milho, restos de batatas, beterrabas e hortaliças.
Alguns quintais eram ocupados com hortas, sendo a água o factor principal. Geralmente eram construídos poços, empedrados e cobertos por uma abóboda arredondada, tendo mais tarde sido utilizada na cobertura de poços uma placa horizontal. Também existiam poços comunitários, sendo utilizados por várias famílias e as fontes ou chafarizes públicos onde o gado bebia.
Nas construções das habitações mais recentes, a adega, a abegoaria, a cortelha do porco e o forno do pão já não têm lugar, tendo desaparecido devido à alteração do modo de vida das pessoas. (1)
(1) Gomes, Joaquim, "A Freguesia de Ramalhal no Tempo" - pág. 25, 26, 27
Durante longos anos as casa foram construídas basicamente em alvenaria, com pedras que eram encontradas nos pinhais e que eram retiradas dos arroteamentos, pois a freguesia é muito podre em pedras, não existindo nela registo de nenhuma pedreira.
Com a evolução dos tempos e com as necessidades a aumentarem a pedra foi escasseando e foi-se começando a utilizar o adobe, aliás, já era fabricado no antigo Egipto no tempo dos faraós, da mesma forma que foi fabricado na nossa freguesia durante séculos.
O adobe foi certamente o alicerce da actual industria cerâmica. Este era constituído por blocos de terra amassada, por vezes com palha que depois de bem seco ao sol, ficava duro e resistente. Ainda hoje existem habitações construídas de adobe com algumas pedras á mistura. As paredes exteriores das habitações eram largas, entre 50 a 80 centímetros; as paredes interiores eram estreitas, entre 20 a 30 centímetros. As casas eram no geral de um só piso, baixas, com telhados de telhas de canudo, sendo caiadas de branco, com barras e cantos em azul, amarelo ou frená. Estas cores eram fabricadas com ocas que se misturavam na cal.
As divisões das casas eram poucas e pequenas relativamente ao que hoje estamos habituados a ver. Compunham-se basicamente de uma cozinha com um pial que servia para confeccionar os alimentos e também de mesa para a ceia, visto que as outras refeições diárias eram tomadas fora de casa, uma fornalha onde se cozinhavam os alimentos e ao lado da fornalha a boca do forno para a confecção do pão. O resto da estrutura do forno ficava fora da cozinha, logo ao sair da porta, com um pequeno telhado a cobri-lo. O povo chamava à abóbada do forno o "Cu do forno". O piso da cozinha era em terra batida coberto com feno verde ou em mosaico cerâmico. Havia depois uma sala de entrada ou de estar que se situava entre a cozinha e o quarto ou quartos. O piso ou o soalho era construído em tábuas largas de madeira de pinho, as paredes caiadas de branco e o soalho encerado com cera de abelhas. Os tectos eram forrados com tábuas de forro, também em madeira de pinho. Os que tinham menos recursos económicos não forravam as casas. Estas denominavam-se casa de telha vã, o que quer dizer que se viam as telhas da parte de dentro da casa. As casas, normalmente e salvo raras excepções, tinham só uma porta e uma ou duas janelas. Nas habitações dos mais abastados, compostas por dois pisos e construídas basicamente de alvenaria, as janelas eram em maior numero, uma por divisão, e apresentavam cantarias em pedra (calcária) trabalhada. Geralmente o rés do chão era composto por uma cozinha, sala de estar, casa de banho, casa de arrumo ou dispensa e uma sala de costura. No piso de cima ficavam os quartos, sala, corredor, escritório ou biblioteca. Por vezes existia também um alpendre, portas sacadas ou varandas. Os gradeamentos eram feitos de ferro forjado com bonitos trabalhados. Os telhados eram compostos por telhas de barro, tipo canudo ou tipo marselhesa e, mais recentemente, em telhas lusa.
As construções mais recentes já eram e são construídas com tijolos de barro fabricados aqui mesmo na Freguesia.
Antigamente as casas eram construídas dentro de quintais espaçosos, vedados ou não com sebes de caniços ou muros de alvenaria ou adobe e, contíguas às habitações, ficavam as adegas e as abegoarias e por vezes também um telheiro que servia para o arrumo de lenhas e/ou alfaias agrícolas. As abegoarias correspondiam às instalações dos gados: bois, burros, machos ou cavalos. não podemos dissociar os animais da vida quotidiana das pessoas. Nas adegas e celeiros guardavam-se os vinhos e cereais. Durante séculos a agricultura e a criação de gado foram o modo de vida da grande maioria das gentes desta freguesia.
Ao lado do forno do pão existia um pequeno compartimento que se designava por corte ou cortelha, onde se criavam um ou dois porcos, um pouco de abóboras, milho, restos de batatas, beterrabas e hortaliças.
Alguns quintais eram ocupados com hortas, sendo a água o factor principal. Geralmente eram construídos poços, empedrados e cobertos por uma abóboda arredondada, tendo mais tarde sido utilizada na cobertura de poços uma placa horizontal. Também existiam poços comunitários, sendo utilizados por várias famílias e as fontes ou chafarizes públicos onde o gado bebia.
Nas construções das habitações mais recentes, a adega, a abegoaria, a cortelha do porco e o forno do pão já não têm lugar, tendo desaparecido devido à alteração do modo de vida das pessoas. (1)
(1) Gomes, Joaquim, "A Freguesia de Ramalhal no Tempo" - pág. 25, 26, 27